Recentemente, o Palestrante Marcelo de Elias concedeu uma entrevista para a revista Contas sobre o tão falado mundo VUCA.
Confira aqui a entrevista na íntegra:
Os americanos popularizaram a abreviatura para explicar as mudanças no mundo. Eles dizem que o mundo é VUCA (em inglês) ou VICA (em português). E eles tem razão. O mundo muda em velocidade muito acelerada e com destino incerto, proporcionando várias respostas para uma mesma questão.
E esse é o mundo da atualidade: Riscos altos, velocidade acelerada, necessidade de inovar e compreender oportunidades, superação de novos desafios e estar aberto às novas possibilidades em um ambiente de incertezas.
Creio que nesse mundo VUCA, se antigamente as soluções eram consistentes o suficiente para serem duradouras, hoje em dia tudo muda muito rápido, então é preciso se reinventar a todo o momento. O que antes dava certo, hoje, nem sempre, funciona mais. Por isso os profissionais devem buscar novas formas de lidar com as mudanças de forma criativa e eficaz. Uma das percepções sobre as prováveis causas de tantos problemas de não adaptação das empresas às novas demandas e oportunidades é a repetição do “velho”. Muitas empresas se conformam em repetir as ações passadas, mesmo que tenham sido escolhas com bons resultados, sem perceber o risco de que as coisas mudam e, aquilo que funcionava bem até ontem, não é garantia que funcionará amanhã. É importante que os empresários, gestores e profissionais tenham uma visão de “inconformismo” aliada ao pensamento disruptivo e ao desapego das velhas certezas.
– A sobrevivência no Mundo Vuca exige habilidades como rapidez, flexibilidade, prontidão cognitiva e resiliência. Isso pode ser uma oportunidade para as pequenas empresas?
Essas mudanças aceleradas têm proporcionado às empresas e profissionais uma série de desafios e dificuldades, e, por outro lado, várias oportunidades e possibilidades. Isso independe do segmento ou porte da organização. Mas é claro que nesse contexto, duas capacidades são determinantes para o sucesso: Velocidade e Flexibilidade e essas competências são facilmente encontradas nas pequenas empresas devido às suas estruturas e modelos de gestão.
Pequenas empresas exigem e facilitam decisões mais rápidas. As hierarquias enxutas e as fronteiras inexistentes entre as pessoas fazem com que elas se tornem, muitas vezes, responsáveis por importantes tomadas de decisões, independentemente de quais sejam seus cargos. E tem mais: Como a distância entre os níveis estratégicos e operacionais é bem menor que nas grandes corporações, muitos desafios necessitam de respostas quase que imediatas.
Além disso, as estruturas achatadas e mais simples fazem com que as empresas menores tenham uma comunicação mais rápida e fácil, fluindo eficientemente em todas as direções. Isso é uma vantagem importante, pois, onde a comunicação flui melhor, o trabalho em equipe é facilitado, as pessoas são mais envolvidas com as decisões e estas possuem mais informações sobre a empresa, facilitando qualquer processo de aprendizado.
Então, para a pequena empresa aproveitar-se desses seus atributos naturais, elas não podem burocratizar e “engessar” seus processos internos, garantindo fluidez e leveza.
– De acordo com Nassim Nicholas Taleb, “hoje não é mais suficiente uma empresa ser como a Fênix, que renasce das cinzas como era antes: ela precisa ser como a Hidra que, ao ter uma de suas cabeças cortadas, cria duas novas em seu lugar”. Qual sua opinião sobre este pensamento?
Está perfeito o pensamento de Taleb. Até algum tempo atrás víamos a resiliência como a capacidade de lidar com problemas, adaptar-se a mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas. Isso supõe a uma condição de sempre voltar a ser como era antes. Hoje prefiro chamar de “resiliência evolutiva”, ou seja, ao passar por uma situação de dificuldade, precisamos voltar melhores que antes, mais maduros e com novas habilidades e aprendizados. Por isso precisamos enxergar os erros não como fracassos, mas sim como grandes lições para aprimorar os novos modelos e ideias, garantindo mais inovação e novas oportunidades. Errar rápido para aprender rápido é um novo pensamento de um mundo altamente disruptivo que requer o incentivo às novas práticas e a aceitação de erros honestos como caminho para resultados ainda melhores.