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Os 5 Estágios da Evolução Cultural

“A cultura organizacional é o solo onde todas as sementes da estratégia, da inovação e do desempenho são plantadas. Se o solo for tóxico, nada floresce.” — Arthur Carmazzi (TEDx

Já faz algum tempo que eu assisti pelo YouTube uma interessante palestra do TEDx, de Arthur Carmazzi, especialista em psicologia de liderança.

Nela o palestrante lançou luz sobre uma verdade incômoda, mas essencial: não é o trabalho em si que afasta os talentos de uma organização — é a cultura organizacional. Líderes inconscientes e culturas tóxicas corroem o engajamento e destroem o desempenho das equipes.

A transformação cultural começa de dentro para fora, a partir de valores compartilhados e comportamentos consistentes, capazes de criar ambientes em que as pessoas se sentem motivadas, seguras e valorizadas.

Um dos modelos é o dos Cinco Estágios da Evolução Cultural. Trata-se de uma lente prática para diagnosticar o nível de maturidade cultural de uma organização e entender o que é necessário para avançar rumo a uma cultura mais colaborativa, inovadora e centrada no ser humano.

Por que isso importa? Porque uma empresa só consegue atingir seu máximo potencial quando o ambiente interno está preparado para sustentar o crescimento, a inovação e o engajamento. E isso começa pela cultura.

Com base nas ideias desse modelo, escrevi o artigo a seguir:


1. Cultura da Culpabilização (Blame Culture): O solo infértil da inovação

Esse é o estágio mais básico — e o mais prejudicial.

Aqui, o medo é o elemento dominante. Os profissionais gastam mais energia se defendendo do que contribuindo. O lema implícito é: “Se algo der errado, me exclua!”

Características principais:

  • Ambientes com alto controle e punição.
  • Falta de transparência e comunicação truncada.
  • Iniciativa e criatividade sufocadas pelo medo de errar.
  • Lideranças autoritárias ou ausentes.

Consequências:

  • Clima tóxico e rotatividade alta.
  • Baixa produtividade emocional: pessoas estão presentes, mas desengajadas.
  • Pouca inovação: ninguém arrisca.

Reflexão: Essa cultura não é sempre visível no discurso — muitas vezes ela está nas entrelinhas, nos olhares, nas omissões. Em ambientes assim, o erro é demonizado, e o feedback vira ferramenta de punição.

Caminho para evoluir: A transformação começa pela criação de segurança psicológica. É necessário desenvolver líderes que ouçam, acolham e corrijam com empatia, estabelecendo um espaço seguro para a vulnerabilidade e a colaboração.


2. Cultura Multidirecional (Multidirectional Culture): A empresa das “ilhas corporativas”

Neste estágio, o medo dá lugar à desarticulação. Os departamentos atuam como feudos independentes, cada qual com suas próprias regras, metas e prioridades. Não há colaboração real, apenas coexistência.

Características principais:

  • Falta de alinhamento entre áreas.
  • Comunicação vertical e fragmentada.
  • Visão organizacional limitada ao “meu quadrado”.
  • Competição interna velada (ou explícita).

Consequências:

  • Ineficiência nos processos.
  • Retrabalho e ruídos constantes.
  • Sensação de frustração e estagnação.

Reflexão: Essa cultura é comum em empresas que cresceram rápido demais sem construir conexões culturais sólidas. Muitas vezes, a origem desse estágio está em lideranças territoriais que protegem sua área como se fosse uma empresa à parte.

Caminho para evoluir: É fundamental investir em alinhamento de propósito, metas compartilhadas e integração entre áreas. Programas de job rotation, squads multidisciplinares e fóruns de comunicação interdepartamentais ajudam a dissolver fronteiras internas.


3. Cultura do “Deixa Como Está” (Live-and-Let-Live): O reino da mediocridade confortável

É o estágio em que a organização parece “em ordem”, mas, na verdade, está anestesiada. Há pouco conflito, pouca inovação, pouca energia. Ninguém quer “mexer no que está funcionando” — mesmo que esteja longe do ideal.

Características principais:

  • Baixa ambição coletiva.
  • Conformismo com padrões antigos.
  • Pouca inovação e renovação de práticas.
  • Lideranças omissas ou excessivamente tolerantes.

Consequências:

  • Perda de talentos inquietos e criativos.
  • Inviabilidade diante de mudanças de mercado.
  • Reputação morna: a empresa não é amada nem odiada, apenas esquecida.

Reflexão: Esse é o estágio mais traiçoeiro, porque o ambiente parece “tranquilo”. Mas, por trás da calmaria, há uma cultura sem alma, sem pulsação. As pessoas fazem o básico, e isso basta.

Caminho para evoluir: É preciso sacudir o senso de propósito. Relembrar por que a empresa existe, para quem serve, e como ela pode gerar valor de forma diferenciada. Investir em liderança inspiradora e objetivos desafiadores é o antídoto para esse estágio.


4. Cultura Alinhada à Marca (Brand Congruent Culture): O orgulho começa a florescer

Aqui, a organização começa a ganhar identidade forte. As pessoas se orgulham de trabalhar ali. Os valores são claros e, melhor ainda, vividos. Existe coerência entre o que a marca comunica e o que ela realmente é por dentro.

Características principais:

  • Clareza e vivência dos valores organizacionais.
  • Colaboradores engajados e alinhados com o propósito.
  • Comunicação mais horizontal.
  • Iniciativas mais colaborativas e produtivas.

Consequências:

  • Employer branding fortalecido.
  • Redução do turnover.
  • Iniciativas de inovação e protagonismo surgem espontaneamente.

Reflexão: Aqui, as pessoas não “batem ponto” — elas fazem parte de algo maior. A empresa começa a construir seu diferencial não apenas pelos produtos ou serviços, mas pela experiência cultural que oferece.

Caminho para evoluir: Fortalecer o protagonismo, incentivar o intraempreendedorismo e construir ambientes em que a liderança se torne um agente de desenvolvimento, e não apenas de supervisão.


5. Cultura Enriquecida por Liderança (Leadership-Enriched Culture): O topo da maturidade cultural

Esse é o estágio de excelência cultural. Aqui, a liderança é distribuída — não se trata de cargo, mas de atitude. Todos são convidados a contribuir, liderar, transformar. O conhecimento é mais importante do que a hierarquia. O ego dá lugar à colaboração.

Características principais:

  • Ambientes horizontais, baseados na confiança.
  • Delegação com empoderamento real.
  • Fortes práticas de aprendizagem contínua.
  • Alto índice de inovação e engajamento.

Consequências:

  • Colaboradores com autonomia e senso de dono.
  • Inovação constante e espontânea.
  • Cultura de alto desempenho com bem-estar.

Reflexão: Nessa cultura, os profissionais não esperam que a liderança resolva tudo — eles são a liderança. Mesmo os recém-chegados são ouvidos. O que vale é a relevância da contribuição, não o tempo de casa ou o crachá.

Caminho para sustentar: É necessário manter ciclos constantes de feedback, aprendizagem e reflexão coletiva. O desafio não é só chegar até aqui — é não regredir. Porque culturas vivas são vulneráveis a retrocessos se não forem cuidadas com atenção contínua.


A jornada da cultura é contínua — e profundamente humana

A jornada proposta por Arthur Carmazzi não é linear nem automática. Uma empresa pode estar no estágio 4 em uma área e ainda viver o estágio 2 em outra. O importante é olhar com coragem para a realidade cultural e iniciar, com intenção, o processo de evolução.

Mais do que modismos ou estratégias de RH, a cultura é um fator que define o presente e o futuro de uma organização. Ela molda o comportamento das pessoas, o tipo de cliente que se atrai, a forma como os problemas são resolvidos e como o sucesso é alcançado.

E, no fim das contas, a cultura organizacional é feita de gente — de histórias, de encontros, de aprendizados e de valores vividos no dia a dia.

A grande pergunta que fica é: Em que estágio cultural está a sua organização? E o que você pode fazer hoje para dar o próximo passo?


Referência:

Arthur Carmazzi – “Why Company Culture is the Root of Productivity”, palestra TEDx [Disponível em TEDx Talks]


MARCELO DE ELIAS é Linkedin Top Voice. Mestre em inovação e design com MBAs em Estratégia (USP), Gestão de Pessoas (FGV), formação internacional em gestão da mudança em tempos desafiadores (University of Tampa/EUA) e pós-graduado em neurociência e psicologia positiva (PUC).

Conteudista especialista em liderança, protagonismo e gestão de mudanças, é professor da FGV, FDC e outras escolas de negócios. Escritor e fundador da Universidade da Mudança.

Pioneiro no assunto “Inner Skills” no Brasil.

Atende grandes clientes como GPA/ Pão de Açúcar, Cobasi, Neoenergia, Leroy Merlin, SBT, Marisa, Carrefour, MSD/Merck, Elanco, Kawasaki, GM, Fiat, Raízen/Shell, DHL, Caixa, Bradesco, Unilever, Bettanin/InBetta, Sebrae, SESC, Sabesp, Banco da Amazônia, Justiça Federal, Ministério Público, INPE, Usiminas entre outros de diversos segmentos.

Através de mensurações na metodologia NPS junto aos contratantes, o índice de recomendação é de 100%.

As palestras não são “produtos de prateleira”, mas sim, projetos 100% personalizados e customizados para cada realidade, considerando as necessidades a serem atendidas, a cultura do cliente e o perfil do público.

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