Em 2013, fiz um curso muito interessante no ISE em São Paulo no qual, em uma das aulas, o professor César Bullara, doutor em filosofia, apresentou algumas ideias interessantes sobre motivação.
Relembrando o que aprendi com ele e escrevendo de acordo com a minha interpretação, existem três tipos de motivação que são definidas de acordo com a origem.
Uma delas é motivação extrínseca, que é impulsionada por fatores externos, como reconhecimento, status ou pressão social. Ela é estimulada pelas recompensas ou punições externas, em vez de uma conexão emocional intrínseca com a atividade em questão.
Pode ser eficaz em curto prazo, mas não é tão duradoura quanto a motivação intrínseca, já que ela pode ser interrompida quando os incentivos externos são retirados.
Lembro-me de um colega que trabalhou na mesma empresa que eu. Era uma revenda comercial. Ele era o campeão de vendas, estava sempre animado para ganhar prêmios e aumentar suas comissões e se esforçava muito para isso.
Em um determinado momento da carreira, vislumbrou a oportunidade de ser promovido após a aposentadoria de um gerente. Para isso, dedicou-se muito para ser reconhecido como o potencial sucessor. Apesar de seus esforços, não conquistou o cargo. Isso foi o suficiente para sentir-se desmotivado, deixando de ser o batedor de metas e sendo demitido mais tarde.
Esse é um caso da dependência da motivação extrínseca, ou seja, da necessidade de reconhecimento ou da expectativa de que ele aconteceria. Além disso, ele não soube lidar com a frustração, um sintoma comum de baixa automotivação.
Outra raiz que impulsiona as atitudes é a motivação intrínseca. Ela vem literalmente de dentro de cada indivíduo, sem depender de influências externas.
É alimentada por um forte desejo de alcançar alguma coisa significativa. A motivação intrínseca é geralmente mais forte e duradoura do que a extrínseca, pois é baseada em uma conexão emocional profunda com o objetivo desejado.
Tenho um lazer pessoal que muito me agrada: sou vocalista de uma banda de rock que toca música dos anos 1980. Nessa jornada de muitos anos como músico amador, conheci vários músicos profissionais extremamente talentosos, mas pouco reconhecidos.
João era um deles. Sua qualidade musical como cantor, instrumentista e compositor era surpreendente. Era muito melhor que vários artistas famosos e milionários, porém vivia de pequenos shows em bares pouco conhecidos, onde trocava sua arte por pratos de comida ou então fazia apresentações nas esquinas das cidades, recebendo doações daqueles que colocavam algumas moedas em sua caixinha de papelão.
Certa vez, conversando com João, falei que achava um absurdo várias pessoas sem talento serem bem-sucedidas musicalmente enquanto ele vivia sem o reconhecimento merecido. Foi quando ele me disse: “A música é um dom que recebi e essa arte precisa ser levada adiante. Meu prazer é fazer pessoas mais felizes e nenhum dinheiro do mundo pagaria isso”.
Sim, esse é um exemplo de alguém motivado intrinsecamente. Mas também poderíamos enquadrar no conceito a seguir, se preferir.
A motivação transcendente é um tipo especial de motivação que se concentra na busca de significado, propósito e conexão com algo maior do que o próprio eu. É firmada em valores mais elevados, como espiritualidade, altruísmo ou serviço à humanidade.
A motivação transcendente é uma fonte poderosa de realização pessoal, pois está conectada com algo maior do que as preocupações individualistas.
Agnes Gonxha Bojaxhiu nasceu em 1910, na cidade que atualmente é a capital da Macedônia do Norte. Talvez você a conheça pelo seu nome religioso: Madre Teresa de Calcutá. É atribuída a ela uma fala bastante inspiradora.
Dizem que um homem muito rico e poderoso, ao vê-la cuidando de alguns doentes, comentou, admirado, que não faria aquilo nem que lhe pagassem muito dinheiro. Foi quando ela respondeu: “O senhor não daria banho em um leproso nem por um milhão de dólares? Eu também não! Só por amor se pode dar banho em um leproso”.
Eu creio que essa é a mais poderosa das motivações.
Ao analisar os três tipos, você vai perceber que, na essência, a motivação é sempre de dentro para fora. Isso quer dizer que, mesmo que fatores externos possam estimular nosso entusiasmo e engajamento, tudo depende do seu interior.
Em última instância, até mesmo a motivação extrínseca vai depender da interpretação e do julgamento do indivíduo com base em seus valores e crenças.
Mesmo que o gatilho esteja “fora”, é o que está “dentro de minha mente” que vai me impulsionar.
Pense nisso!
MARCELO DE ELIAS é mestre em inovação e design com MBAs em Estratégia, Gestão de Pessoas, formação internacional em gestão da mudança em tempos desafiadores e pós-graduado em neurociências. Conteudista especialista em protagonismo e gestão de mudanças, é professor da FGV, FDC e outras escolas de negócios. Escritor e fundador da Universidade da Mudança. Pioneiro no assunto “Inner Skills” no Brasil.
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