Levar às ruas, de maneira organizada e deslumbrante, milhares de pessoas que se unem em harmonia, entrelaçando enredos, danças, músicas e cânticos para criar uma visão espetacular de conjunto, enquanto cada participante transborda de alegria e entusiasmo, é um feito almejado por muitas empresas.

É a combinação de um coletivo que gera resultados dignos de um empreendimento sólido, ao mesmo tempo em que possibilita realizações individuais.

Este é o poder da Escola de Samba quando adentra a avenida.

No entanto, todo esse espetáculo tem início cerca de um ano antes, quando um tema se converte em enredo, samba, fantasias e carros alegóricos na mente do carnavalesco e nas mãos da comunidade.

O que transforma todas essas ideias em realidade? A resposta parece simples: Motivação (ou seria Paixão?).

A participação na Escola de Samba é essencialmente voluntária; com raras exceções, não há ganho financeiro. Aqueles que podem, pagam para desfilar. O ganho dos foliões não é em dinheiro, mas na vontade de fazer algo novo, demonstrar que podem superar desafios, realizar sonhos.

Outro aspecto interessante é que as pessoas têm liberdade para sambar conforme sabem; há pouca estruturação nessa tarefa, porém há espaço para todos mostrarem sua habilidade, destacando a importância da criatividade. Basta respeitar o espaço da ala e garantir a fluidez do desfile, dentro do tempo esperado.

Quando surge um problema com as fantasias, logo aparece uma costureira habilidosa, com alguns alfinetes, mostrando que a verdadeira motivação está na cooperação e não na competição, e que, às vezes, a tecnologia precisa de um toque humano.

O mesmo trabalhador que passa o dia em uma grande empresa, ansioso pela hora de ir embora, passa a noite no barracão da escola, montando alegorias, sem se importar com a hora em que o trabalho termina. Se ele ficar doente, é provável que tire alguns dias de atestado no seu emprego, mas se sua febre chega a quarenta graus enquanto esculpe uma peça para o carro abre-alas, nem mesmo a chuva que cai naquela noite o faz parar. Isso é paixão!

Essa é a motivação dos vencedores. Daqueles que sabem trabalhar em equipe e percebem que não estão sambando sozinhos. Daqueles que superam obstáculos com disciplina, determinação e suor. Daqueles que respeitam a hierarquia, aceitando ordens de pessoas desconhecidas sem questionar sua capacidade.

Enganam-se aqueles que pensam que toda essa alegria é simplesmente fruto do espírito carnavalesco. Nenhuma abertura de Jogos Olímpicos, Campeonato Mundial de Futebol ou outro evento mundial consegue mobilizar as massas da forma como a Escola de Samba consegue.

As pessoas estão em busca de alguém que as inspire a realizar seus sonhos, não no sentido de procurar uma liderança, mas sim em busca de companheiros para alcançar a vitória coletiva.

Possivelmente, uma das maiores lições que podemos extrair da estrutura e dos resultados que a Escola de Samba alcança é que “trabalho e diversão não são incompatíveis”. Isso desafia a visão dualista que muitas organizações têm sobre gestão, mostrando que é possível equilibrar estrutura com criatividade e inovação, rentabilidade com satisfação, produtividade com alegria, sucesso com felicidade e dever com prazer.

PS: Esse texto ém uma releitura atualizada de outro que escrevi a cerca de 20 anos. A essência não mudou, mesmo com o carnaval de hoje sendo bantante diferente.

MARCELO DE ELIAS é Linkedin Top Voice. Mestre em inovação e design com MBAs em Estratégia (USP), Gestão de Pessoas (FGV), formação internacional em gestão da mudança em tempos desafiadores (University of Tampa/EUA) e pós-graduado em neurociência e psicologia positiva (PUC).

Conteudista especialista em liderança, protagonismo e gestão de mudanças, é professor da FGV, FDC e outras escolas de negócios. Escritor e fundador da Universidade da Mudança.

Pioneiro no assunto “Inner Skills” no Brasil.

Atende grandes clientes como GPA/ Pão de Açúcar, Cobasi, Neoenergia, Leroy Merlin, SBT, Marisa, Carrefour, MSD/Merck, Elanco, Kawasaki, GM, Fiat, Raízen/Shell, DHL, Caixa, Bradesco, Unilever, Bettanin/InBetta, Sebrae, SESC, Sabesp, Banco da Amazônia, Justiça Federal, Ministério Público, INPE, entre outros de diversos segmentos.

Através de mensurações na metodologia NPS junto aos contratantes, o índice de recomendação é de 100%.

As palestras não são “produtos de prateleira”, mas sim, projetos 100% personalizados e customizados para cada realidade, considerando as necessidades a serem atendidas, a cultura do cliente e o perfil do público.

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Imagem: Canva Pro