Liderança humanizada, adaptabilidade no ambiente de trabalho presencial em substituição gradativa ao remoto, promoção da diversidade e a crescente necessidade de líderes autênticos e orientados por dados. Você tem ouvido falar nesses temas?
A liderança contemporânea está em constante evolução para atender às demandas em mutação do cenário empresarial. A partir das tendências emergentes em 2023, as expectativas para 2024 refletem um cenário onde líderes enfrentam desafios complexos e dinâmicos.
No início desse ano eu escrevi sobre as tendências da liderança para 2023. Dessa vez, atualizo as previsões e apresento o que deve acontecer em 2024.
Muitas coisas continuarão semelhantes em maior ou menor grau, entretanto, novos temas emergentes passam a chamar a atenção das empresas e dos líderes.
Atualizando o texto sobre as tendências de liderança para 2024, é fundamental reconhecer que a dinâmica do mundo corporativo continua a evoluir. Os líderes de hoje enfrentam desafios complexos e em constante mudança, exigindo adaptação e inovação constantes.
Aqui estão as tendências de liderança para o próximo ano:
Liderança Humanizada
O foco na saúde mental das equipes permanece uma prioridade. Os líderes devem se envolver ativamente na promoção de um ambiente mentalmente saudável e produtivo.
Apesar de o tema da saúde mental estar ganhando destaque e da crescente concordância sobre a importância de sua consideração, é notável a escassez de líderes plenamente engajados nessa questão.
A saúde mental no ambiente de trabalho tem se configurado como uma realidade a ponto de terem surgido empresas especializadas no desenvolvimento de soluções para abordá-la.
No entanto, mais do que uma preocupação restrita às áreas de Recursos Humanos, recai sobre os líderes a responsabilidade de se envolverem ativamente na promoção de um ambiente mentalmente saudável e produtivo para suas equipes.
Nesse cenário em constante evolução, os líderes desempenham um papel crucial na construção de uma cultura organizacional que valorize o bem-estar psicológico de seus colaboradores.
Eles não podem mais se dar ao luxo de relegar essa responsabilidade apenas aos departamentos de RH, mas precisam assumir a liderança na promoção de práticas e políticas que nutram a saúde mental no ambiente de trabalho, capacitando suas equipes a prosperar.
De volta ao escritório?
Tanto o Google quanto o JPMorgan anunciaram que levarão em consideração a presença física dos funcionários ao avaliar seu desempenho. Enquanto isso, empresas como Meta e Amazon agora monitoram a frequência por meio de sistemas de registro de crachás, com possíveis sanções severas para aqueles que não seguirem as políticas de presença.
Embora haja um crescente acúmulo de evidências de que o trabalho remoto não apenas é eficaz, mas também pode contribuir para uma maior diversidade, inclusão e satisfação dos funcionários, a ênfase contínua na presença física ainda persiste em muitas organizações.
Muito gestores e colaboradores acreditam que estando fisicamente visíveis é mais fácil reconhecer quem são mais produtivos ou comprometidos, independentemente de seu talento e mérito.
O modelo remoto e o modelo híbrido ainda existirão. Com a consolidação do modelo “anywhere office”, líderes ainda devem dominar a gestão de equipes remotas, promovendo comunicação clara e objetivos bem definidos.
Mas é percebido que o trabalho presencial começa a ganhar força em muitas empresas.
Para líderes que buscam uma transição suave de funcionários que se acostumaram ao trabalho remoto de volta aos escritórios, a comunicação clara é fundamental. É vital compartilhar as razões por trás da mudança, enfatizando os benefícios do trabalho presencial, como colaboração mais eficaz, aprendizado contínuo e construção de relações.
Os líderes devem demonstrar flexibilidade ao oferecer opções híbridas sempre que possível, reconhecendo a importância do equilíbrio entre trabalho remoto e presencial.
Outro aspecto crítico é o apoio à readaptação dos colaboradores. Os líderes devem proporcionar orientação, treinamento e suporte para facilitar a reintegração à rotina do escritório.
Autenticidade e Vulnerabilidade
A liderança autêntica e vulnerável, baseada na transparência e empatia, continua a ganhar relevância para construir relacionamentos significativos.
Nos últimos anos, temos testemunhado um notável deslocamento em direção a líderes que abraçam a autenticidade e a vulnerabilidade como pilares de sua abordagem. Essa mudança se concentra em liderar com transparência, sinceridade e na disposição de admitir erros, resultando na construção de relacionamentos mais profundos com suas equipes.
Os líderes autênticos e vulneráveis promovem um ambiente de trabalho onde a vulnerabilidade é vista como uma força, não uma fraqueza, e onde a empatia e a confiança mútua são valores centrais.
Embora essa abordagem possa representar um desafio para aqueles que estão acostumados a liderar de maneira autoritária ou centralizadora, os benefícios são inegáveis. Ela se traduz em maior engajamento da equipe, maior retenção de talentos e a criação de um ambiente de trabalho mais positivo, onde os colaboradores se sentem valorizados, compreendidos e incentivados a contribuir de maneira significativa.
A liderança autêntica e vulnerável não apenas fortalece o relacionamento entre líder e equipe, mas também impulsiona o sucesso organizacional por meio do desenvolvimento de laços mais sólidos e de uma cultura de confiança e inovação.
Data-Driven Leadership
A liderança orientada por dados se fortalece, com a análise de dados sendo fundamental para tomar decisões informadas.
À medida que a complexidade dos negócios e do ambiente corporativo cresce, os líderes estão cada vez mais reconhecendo o valor inestimável da análise de dados na tomada de decisões estratégicas. Compreendem que os dados podem oferecer insights valiosos sobre o desempenho da empresa e destacar áreas que requerem aprimoramento.
Diante dessa conscientização, as empresas e os líderes estão canalizando recursos e esforços na adoção de tecnologias de “people analytics”, destinadas a interpretar e aplicar insights específicos relacionados às pessoas dentro da organização.
Essa mudança de paradigma reflete a compreensão de que as pessoas são o ativo mais importante de uma empresa, e a análise de dados sobre seu desempenho, satisfação e desenvolvimento é crucial para o sucesso organizacional.
À medida que a análise de dados se torna uma parte integrante da liderança, os líderes estão bem-posicionados para promover um ambiente de trabalho mais produtivo e adaptativo, baseado em informações sólidas que orientam a tomada de decisões informadas.
Esse movimento para uma liderança orientada por dados promete transformar a forma como as organizações prosperam e se destacam em um mercado em constante evolução.
Diversidade e Inclusão
Líderes devem liderar com foco na diversidade e inclusão, promovendo ambientes onde as diferenças são valorizadas. Esse tema ganha ainda mais força para o próximo ano.
A busca por uma cultura de diversidade e inclusão é uma necessidade crescente para as empresas que almejam manter sua relevância e competitividade no cenário atual.
Mais do que simplesmente assegurar a presença de indivíduos de diferentes origens no ambiente de trabalho, trata-se de promover uma atmosfera onde tais diversidades sejam genuinamente valorizadas e onde cada colaborador se sinta não apenas respeitado, mas também acolhido em toda a sua singularidade.
Os líderes desempenham um papel crítico nesse processo, pois ao abraçar a diversidade e a inclusão, eles estimulam um ambiente de trabalho onde a criatividade e inovação florescem. Além disso, uma força de trabalho mais diversificada e inclusiva se traduz em equipes mais engajadas e em uma marca corporativa mais forte e positiva, capaz de atrair talentos e clientes que compartilham desses valores.
As organizações que fazem da diversidade e inclusão uma prioridade não apenas prosperam no presente, mas também se preparam para um futuro mais equitativo e sustentável.
Inner Skills
Para alcançar uma liderança eficaz, é essencial reconhecer que vai além de simples habilidades técnicas e conhecimento especializado. O verdadeiro sucesso na liderança requer o desenvolvimento das chamadas “Inner Skills” ou habilidades internas, que formam a base do comportamento e desempenho humano.
Estas habilidades abrangem a autoconsciência, o autocontrole e a capacidade de concentração. Quando os líderes investem na capacitação dessas Inner Skills em suas equipes, estão proporcionando às pessoas a oportunidade de se tornarem mais autoconfiantes e equilibradas em suas vidas e no ambiente de trabalho.
Além disso, líderes que demonstram uma preocupação integral com o bem-estar de seus liderados têm uma capacidade superior de inspirar e motivar suas equipes de forma genuína.
Ao fomentar a autoconsciência e o autocontrole, os líderes criam um ambiente onde os colaboradores se sentem apoiados em seu desenvolvimento pessoal e profissional. O resultado é uma equipe mais engajada, produtiva e emocionalmente equilibrada, que está mais bem preparada para enfrentar os desafios do ambiente de trabalho em constante evolução.
Investir nas Inner Skills é, portanto, uma abordagem fundamental para liderar com eficácia e criar um ambiente de trabalho positivo e sustentável.
Liderar a Mudança
Em um cenário marcado por contínuas transformações e uma demanda constante por adaptação, é compreensível que muitos de nós estejamos enfrentando a tão conhecida “fadiga da mudança”.
Isso vai continuar existindo em 2024.
Por isso é importante reconhecer que não há espaço para trégua, pois as mudanças no horizonte serão ainda mais intensas e frequentes.
Diante desse contexto desafiador, os líderes desempenham um papel vital ao se manterem atentos à realidade da equipe e ao buscar estratégias eficazes para gerenciar a mudança, mesmo quando a fadiga é palpável.
Isso implica em estabelecer uma comunicação clara e frequente sobre as mudanças em curso, oferecer apoio emocional às equipes e disponibilizar recursos que ajudem os colaboradores a se adaptarem de forma eficaz.
É importante que os líderes enxerguem as mudanças não apenas como desafios, mas também como oportunidades para crescimento e inovação. Ao assumir o papel de catalisadores do progresso, os líderes podem capacitar suas equipes a abraçar essa perspectiva, tornando as mudanças não apenas gerenciáveis, mas também estimulantes, impulsionando o sucesso e a evolução da organização.
Essas tendências refletem a necessidade de uma liderança adaptativa e centrada nas pessoas para enfrentar os desafios de um ambiente de negócios em constante evolução.
A capacidade de abraçar essas tendências será crucial para o sucesso dos líderes em 2024 e além. Líderes são a vanguarda da mudança, e sua habilidade de se adaptar moldará o futuro das organizações.
MARCELO DE ELIAS é mestre em inovação e design com MBAs em Estratégia, Gestão de Pessoas, formação internacional em gestão da mudança em tempos desafiadores e pós-graduado em neurociências. Conteudista especialista em liderança, protagonismo e gestão de mudanças, é professor da FGV, FDC e outras escolas de negócios. Escritor e fundador da Universidade da Mudança. Pioneiro no assunto “Inner Skills” no Brasil.
Atende grandes clientes como GPA/ Pão de Açúcar, Cobasi, Leroy Merlin, SBT, Marisa, Carrefour, MSD/Merck, Elanco, Kawasaki, GM, Fiat, Raízen/Shell, DHL, Caixa, Bradesco, Unilever, Bettanin/InBetta, Sebrae, SESC, Sabesp, Banco da Amazônia, Justiça Federal, Ministério Público, INPE, entre outros de diversos segmentos.
Suas palestras têm o diferencial do “conteúdo com leveza”, onde o professor apresenta conteúdos altamente atualizados e inovadores, mas sempre com uma linguagem acessível para todos os públicos, dosando informações, inspirações, ideias, bom humor e boas histórias. Através de mensurações na metodologia NPS junto aos contratantes, o índice de recomendação é de 100%.
As palestras não são “produtos de prateleira”, mas sim, projetos 100% personalizados e customizados para cada realidade, considerando as necessidades a serem atendidas, a cultura do cliente e o perfil do público.
