Muitas pessoas sonham com um emprego na grande empresa. Não tenho dúvidas que trabalhar em grandes corporações pode ser um caminho eficaz para o aprendizado aprofundado de como funcionam as relações de poder, as estratégias globais e os grandes projetos e processos. Também é a oportunidade de se desenvolver profundamente em alguns temas específicos.
Mas muitos profissionais tem encontrado vantagens em trabalhar em empresas menores. Vários deles tem até preferido pelas inúmeras vantagens que as pequenas e médias empresas apresentam.
Outros tem escolhido as pequenas empresas como uma etapa inicial para o desenvolvimento capaz de proporcionar grandes oportunidades futuras em outras empresas maiores. De fato pode ser. Basta aproveitar tudo de bom que as empresas menores tem e desenvolver algumas competências que poderão ser diferenciais de sucesso nas grandes:
Aprendizado generalista – As grandes empresas normalmente formam especialistas em alguns temas específicos. Por exemplo, no grande departamento de Recursos Humanos, cada profissional cuida de um subprocesso como seleção, treinamento e remuneração. Mas nem todos conseguem conhecer as diversas atividades do RH. Isso também se aplica a outros setores. As pequenas empresas, em sua maioria, precisam de profissionais mais generalistas, que cuidam e conhecem os mais diversos processos. Isso forma pessoas dinâmicas e com visão sistêmica. Mesmo que o funcionário venha a trabalhar futuramente em empresas que o demandem em temas mais focados, a capacidade de enxergar o todo fará muita diferença.
Velocidade na tomada de decisões – Pequenas empresas exigem decisões mais rápidas. As hierarquias enxutas e as fronteiras inexistentes entre as pessoas fazem com que elas tornem-se, muitas vezes, responsáveis por importantes tomadas de decisões, independentemente de quais sejam seus cargos. E tem mais: Como a distância entre os níveis estratégicos e operacionais é bem menor que nas grandes corporações, muitos desafios necessitam de respostas quase que imediatas. Estar inserido em uma realidade desse tipo capacita o profissional para essa competência essencial.
Criatividade e inovação – A estrutura informal da maioria das pequenas empresas dá mais espaço para o exercício da criatividade. A ausência de políticas corporativas que, por muitas vezes engessam, proporcionam condições para empreender coisas novas e diferentes, experimentando algumas ideias inovadoras.
Gestão de Recursos – Aprender a gerenciar projetos e rotinas com recursos escassos é muito importante, pois, na busca pela competividade, todas as grandes empresas tem sido desafiadas a rever seus custos. Essa rotina não é incomum na pequena empresa. Com recursos limitados, os profissionais que nelas atuam precisam fazer uso da criatividade e da gestão responsável dos recursos a fim de alcançar os resultados. Um exercício desafiador que gera desenvolvimento.
Comunicação sem barreiras – As estruturas achatadas e mais simples fazem com que as empresas menores tenham uma comunicação mais rápida e fácil, fluindo eficientemente em todas as direções. Isso é uma vantagem importante para quem quer fazer da pequena empresa um estágio valioso para conquistar aprendizados que proporcionem bons resultados na carreira na grande empresa. Onde a comunicação flui melhor, o trabalho em equipe é facilitado, as pessoas são mais envolvidas com as decisões e estas possuem mais informações sobre a empresa, facilitando qualquer processo de aprendizado.
Relacionamentos mais próximos – Nas pequenas empresas as relações pessoais são menos formais e as pessoas são mais próximas umas das outras, ampliando o sentimento de acolhida e amizade. Essas estruturas organizacionais possuem um clima organizacional mais leve e aqueles que nelas trabalham normalmente enfrentam os desafios coletivos com mais naturalidade e atuam mais facilmente em times. E quem não se desenvolveria em um ambiente desses? Com apoio dos colegas os aprendizados são mais eficazes e rápidos.
Enfim, as pequenas empresas tem sido excelentes estágios iniciais para quem quer se desenvolver para superar os desafios que vão encontrar nas grandes corporações. E não tenho dúvidas que o aprendizado é tão interessante e eficaz que muitos vão considerar a alternativa de continuar nelas, trilhando carreiras que geram realizações pessoais e profissionais.
Marcelo de Elias é palestrante, consultor, professor e coautor do livro Ser Mais em Gestão de Pessoas – www.marcelodeelias.com.br