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O impacto do vício em apostas online e a saúde mental do colaborador – como as empresas devem agir

O vício em jogos online, ou ludopatia, tem se tornado um problema alarmante no Brasil, afetando não apenas a saúde mental e financeira dos indivíduos, mas também gerando sérios riscos para as empresas.

A facilidade de acesso aos jogos online, combinada com publicidade intensa e a falta de regulamentação adequada, vem criando um ambiente propício para o aumento do vício.

Para as empresas, o impacto pode ser profundo: colaboradores viciados em jogos de azar enfrentam queda de produtividade, aumento de ausências, problemas emocionais e até mesmo riscos éticos, como fraudes ou uso indevido de recursos.

Esse cenário exige uma atenção redobrada das organizações, que precisam agir para proteger o bem-estar dos seus colaboradores e a integridade do ambiente de trabalho. Ignorar esse problema pode resultar em perdas financeiras, queda no desempenho geral da equipe e uma deterioração do clima organizacional. É crucial que líderes, RHs e empresários reconheçam os riscos da ludopatia e adotem medidas preventivas para minimizar seus efeitos.

Alguns Dados e Informações Relevantes:

  • Estima-se que milhões de brasileiros sofram com o vício em jogos online. Embora não haja dados oficiais exatos, estudos sugerem que a prevalência no Brasil é comparável à de outros países com amplo acesso à internet.
  • De acordo com uma reportagem recente da Folha de São Paulo, os gastos dos brasileiros com jogos e apostas online, conhecidas como “bets”, alcançaram cerca de US$ 11,1 bilhões entre janeiro e novembro de 2023, o que equivale a R$ 54 bilhões. Esse valor supera, por exemplo, o total gerado pelas exportações de carne bovina do Brasil em 2023.
  • Um levantamento do Banco Central revela que, nos primeiros oito meses de 2024, os brasileiros gastaram aproximadamente R$ 20 bilhões por mês em apostas online. Cerca de 24 milhões de pessoas físicas participaram de jogos de azar e apostas, realizando pelo menos uma transferência via Pix nesse período. Em agosto, beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões em apostas.
  • Os dados também mostram que o valor médio das transferências mensais aumenta conforme a idade: enquanto os jovens gastam em torno de R$ 100 por mês, indivíduos mais velhos chegam a ultrapassar R$ 3.000 mensais em apostas, segundo o Banco Central.
  • O perfil do jogador viciado é bastante variado, mas pesquisas indicam que a maioria tem entre 20 e 30 anos. Homens são mais propensos a desenvolver o vício em jogos do que mulheres.
  • A internet e os dispositivos móveis tornam os jogos online acessíveis a qualquer momento e em qualquer lugar. A publicidade agressiva das plataformas de apostas online atrai cada vez mais pessoas para esse universo.
  • Fatores como traços de personalidade, histórico familiar de dependência e condições de saúde mental podem aumentar significativamente o risco de desenvolver o vício em jogos.

Entendendo o vício em jogos: Um pouco de ciência

Os jogos de azar, em especial aqueles que vêm ganhando popularidade em plataformas digitais como Blaze, Tigrinho, Crash e as “bets” estão rapidamente se consolidando como uma das maiores ameaças ao bem-estar mental e financeiro das pessoas.

À primeira vista, esses jogos parecem inofensivos — uma forma rápida e simples de entretenimento, facilmente acessível pelo celular ou computador. Porém, a ciência por trás deles revela uma realidade sombria: esses jogos estão desenhados de maneira extremamente precisa para estimular uma das partes mais vulneráveis do nosso cérebro, o sistema de recompensa, que pode levar ao desenvolvimento de vícios com consequências devastadoras.

A chave para entender o poder viciante dos jogos eletrônicos de azar reside na forma como eles manipulam o sistema de recompensa do cérebro. Quando uma pessoa participa de um jogo de azar, especialmente os que envolvem apostas rápidas e resultados imediatos, há uma liberação de dopamina, o neurotransmissor que nos faz sentir prazer e antecipação. No entanto, o que muitas pessoas não percebem é que a dopamina não é liberada apenas quando ganhamos, mas também antes da possibilidade de ganhar.

Isso significa que o simples ato de esperar o resultado de uma aposta, como as rodadas de um caça-níquel ou a subida de um gráfico, já ativa o sistema de recompensa de maneira intensa. Essa antecipação cria uma sensação de empolgação que, com o tempo, se transforma em um ciclo vicioso. Estudo após estudo confirma que a expectativa da recompensa, muitas vezes, é mais estimulante para o cérebro do que a própria vitória.

É importante destacar que o vício em jogos de azar não ocorre apenas por causa das vitórias esporádicas, mas pela sensação de que a próxima jogada pode trazer a vitória. O fenômeno do “quase ganhar” é incrivelmente poderoso, uma vez que o cérebro humano percebe um “quase” como uma vitória potencial, o que aumenta a liberação de dopamina e reforça o comportamento de continuar jogando.

Uma das razões que agravam esse problema é o papel dos influenciadores digitais e da publicidade massiva associada a esses jogos. Celebridades e criadores de conteúdo, muitos dos quais com milhares ou milhões de seguidores, estão promovendo esses jogos como uma oportunidade fácil de ganhar dinheiro, muitas vezes sem mencionar os riscos envolvidos. Isso cria uma falsa percepção de que o sucesso financeiro pode estar a apenas uma jogada de distância, quando na realidade, as chances de perda são infinitamente maiores do que as de ganho.

Um dos grandes desafios do tratamento do vício em jogos de azar é que, assim como ocorre com as drogas, a dependência modifica a estrutura do cérebro. Conforme a pessoa joga repetidamente, o comportamento de apostar se torna mais automático, o desejo de continuar jogando se intensifica e a capacidade de autocontrole diminui drasticamente. Essas mudanças cerebrais tornam extremamente difícil para a pessoa simplesmente “parar” de jogar, mesmo quando ela percebe que sua vida está sendo destruída pelas apostas.

A recuperação do vício envolve um processo longo e árduo de reaprendizado. O cérebro precisa ser recondicionado a buscar outras fontes de prazer e recompensa que não envolvam o jogo. Isso pode incluir a introdução de novos hábitos, como atividades físicas, hobbies, ou até o desenvolvimento de novas metas pessoais e profissionais.

As consequência do vício

Embora muitas pessoas encarem os jogos de azar como um entretenimento inocente, as consequências do vício podem ser tão graves quanto o vício em substâncias químicas. A pessoa começa a negligenciar áreas importantes da vida, como trabalho, estudos, relacionamentos e até cuidados pessoais. Além disso, há uma relação direta entre o vício em jogos de azar e o comprometimento financeiro.

Estima-se que cerca de 20% dos apostadores utilizam o dinheiro que deveria ser destinado a necessidades básicas – como contas de luz, aluguel e alimentação – para as apostas. A situação é ainda mais alarmante quando percebemos que muitos apostadores são pessoas de baixa renda, que já enfrentam dificuldades financeiras.

Com o aumento da popularidade desses jogos, o Brasil está diante de um possível cenário de crise de saúde pública, comparável ao que se vê com o vício em drogas.

É urgente que se tomem medidas para mitigar os riscos à saúde mental e financeira da população. A regulamentação e programas de conscientização são essenciais. As pessoas precisam entender que os jogos de azar não são apenas uma forma de entretenimento, mas uma atividade que pode facilmente sair de controle, levando a consequências devastadoras.

É fundamental que discutamos como proteger aqueles que podem ser mais impactados. Afinal, o que está em jogo não é apenas o dinheiro, mas a saúde e o futuro de milhares de pessoas.

Os Riscos que uma Empresa Enfrenta com Colaboradores Viciados em Jogos de Azar e Ações de Prevenção

Colaboradores que enfrentam problemas de dependência em jogos de azar apresentam uma série de riscos à produtividade, ao bem-estar geral e à estabilidade financeira da empresa. O vício em jogos não afeta apenas o indivíduo, mas também sua capacidade de desempenhar funções críticas e interagir de maneira saudável com colegas e superiores. Identificar esses riscos e adotar medidas para minimizar o impacto desse comportamento é essencial para líderes, profissionais de RH e empresários.

Os Principais Riscos para a Empresa

  1. Endividamento do Colaborador – O vício em jogos de azar frequentemente leva os colaboradores a um ciclo crescente de endividamento, o que pode ter impactos diretos na empresa. Colaboradores endividados enfrentam níveis elevados de estresse, ansiedade e preocupação com suas finanças pessoais, o que afeta negativamente sua concentração e desempenho no trabalho. Além disso, a necessidade de recuperar perdas pode levá-los a buscar empréstimos ou comprometer seus salários, resultando em ausências, solicitações frequentes de adiantamento de pagamentos e até pedidos de demissão por conta da incapacidade de lidar com as dívidas acumuladas.
  2. Queda de Produtividade – Colaboradores viciados em jogos de azar frequentemente experimentam uma diminuição significativa na produtividade. Isso ocorre porque seu foco e energia mental estão constantemente voltados para o próximo “jogo” ou aposta, levando a distrações frequentes e comprometimento da capacidade de execução das tarefas. A obsessão com apostas pode consumir o tempo do colaborador, levando-o a negligenciar prazos, cometer erros e apresentar baixo desempenho.
  3. Ausências e Afastamentos – O vício em jogos também está diretamente ligado ao aumento do absenteísmo. Colaboradores podem faltar ao trabalho devido a problemas financeiros ou emocionais relacionados às apostas, como estresse, depressão ou ansiedade. Além disso, o comprometimento financeiro pode levar a dificuldades pessoais graves, como inadimplência e falta de recursos para sustentar as necessidades básicas, o que pode forçar o afastamento do colaborador para lidar com essas questões.
  4. Deterioração dos Relacionamentos Internos – A obsessão com os jogos pode prejudicar a capacidade do colaborador de colaborar de maneira eficaz em equipes. Ele pode se tornar mais reservado, isolado ou reativo, afetando a dinâmica da equipe e a cultura organizacional. Além disso, o estresse financeiro e emocional causado pelo vício pode aumentar a irritabilidade e gerar conflitos com colegas de trabalho. É comum ao viciado pedir dinheiro emprestado aos colegas de trabalho, tendo grande dificuldade em saldar essas dívidas posteriormente.
  5. Riscos Éticos e de Fraudes – Em casos extremos, colaboradores viciados em jogos podem tomar decisões arriscadas para sustentar o vício, como o uso inadequado de recursos da empresa ou mesmo a prática de fraudes. A necessidade de recuperar perdas financeiras pode levar o colaborador a atitudes antiéticas, colocando em risco a segurança financeira e reputacional da empresa. O endividamento causado pelo vício compromete tanto o bem-estar do colaborador quanto a estabilidade da organização.
  6. Problemas de Saúde Mental e Física – O vício em jogos, assim como outras formas de dependência, está fortemente associado ao desenvolvimento de transtornos mentais, como ansiedade, depressão e estresse. Esses problemas, por sua vez, podem agravar questões físicas, como insônia, fadiga e problemas gastrointestinais, aumentando os custos da empresa com afastamentos, tratamentos de saúde e queda geral no bem-estar da equipe.

Ações para Minimizar os Impactos do Vício em Jogos de Azar

É essencial que empresas estejam preparadas para lidar com esse desafio crescente e adotem uma abordagem proativa para mitigar os riscos do vício em jogos de azar entre seus colaboradores. Aqui estão algumas sugestões para líderes, RHs e empresários tomarem medidas eficazes:

  1. Programas de Conscientização e Educação – A primeira linha de defesa é a conscientização. Empresas devem implementar programas de educação sobre os riscos do vício em jogos de azar, oferecendo palestras, workshops ou treinamentos que abordem o impacto dessa prática no bem-estar pessoal e profissional. Esses programas podem ser incluídos em iniciativas de saúde mental ou bem-estar financeiro, ajudando os colaboradores a reconhecer os sinais de alerta em si mesmos e nos outros. É um bom tema para SIPATs e outras oportunidades de capacitação e reflexão.
  2. Iniciativas de Bem-Estar Financeiro – Colaboradores com dificuldades financeiras são mais suscetíveis a recorrer a jogos de azar na esperança de melhorar sua situação. Criar programas de educação financeira pode ajudar a equipe a gerenciar melhor suas finanças pessoais, reduzindo a tentação de recorrer a apostas. Empresas podem oferecer workshops sobre orçamento, planejamento de longo prazo e gerenciamento de dívidas, bem como fornecer acesso a consultorias financeiras. Bancos parceiros e cooperativas de crédito podem ajudar nisso.
  3. Oferecer Apoio Psicológico – Ter um programa de apoio psicológico disponível para os colaboradores é fundamental. Isso pode incluir um programa de assistência ao colaborador que ofereça sessões de aconselhamento confidencial, onde os colaboradores possam buscar ajuda para lidar com vícios ou problemas financeiros sem medo de represálias. Profissionais de saúde mental especializados em dependência podem ser contratados para fornecer orientação e tratamento contínuos.
  4. Ambientes de Trabalho Saudáveis – Cultivar um ambiente de trabalho que promova o bem-estar emocional pode ajudar a prevenir comportamentos de risco, como o vício em jogos. Líderes e gestores devem estar atentos aos sinais de estresse, exaustão ou mudanças no comportamento dos colaboradores e, quando identificados, devem agir rapidamente. Além disso, criar uma cultura de diálogo aberto e apoio mútuo pode ajudar os colaboradores a se sentirem confortáveis para falar sobre seus desafios e buscar ajuda.
  5. Políticas Claras e Ações Preventivas – As empresas precisam desenvolver e comunicar políticas claras sobre o uso de recursos da empresa, o que inclui o monitoramento adequado do uso de internet durante o expediente. Estabelecer limites claros e punir práticas antiéticas pode desencorajar comportamentos arriscados. É fundamental que essas políticas sejam conhecidas por todos e que a empresa esteja preparada para agir em casos de abuso ou má conduta.
  6. Treinamento de Gestores para Identificação Precoce – Treinar líderes e gestores para identificar sinais de vício pode ser uma maneira eficaz de intervir antes que o problema se agrave. Mudanças súbitas de comportamento, faltas frequentes ou queda brusca de produtividade podem ser indicativos de que algo está errado. Oferecer treinamentos específicos para os gestores lidarem com esses casos, sabendo como abordar os colaboradores de forma empática e direcioná-los para recursos de apoio, é fundamental.
  7. Acompanhamento Personalizado – Em casos onde o colaborador reconhece o problema e busca ajuda, oferecer acompanhamento contínuo, através de conversas regulares e reuniões com o RH ou o gestor, também é importante para garantir que a recuperação esteja ocorrendo de maneira saudável e eficaz.

O vício em jogos de azar é um problema real que pode comprometer gravemente o desempenho e a saúde dos colaboradores, além de expor a empresa a diversos riscos operacionais e financeiros. As empresas que desejam proteger sua força de trabalho e garantir um ambiente de trabalho saudável devem agir preventivamente, criando uma cultura organizacional que valorize o bem-estar e o apoio mútu.

Os líderes podem ajudar a minimizar os impactos desse tipo de dependência e preservar a produtividade e a saúde de seus colaboradores.

MARCELO DE ELIAS é Linkedin Top Voice. Mestre em inovação e design com MBAs em Estratégia (USP), Gestão de Pessoas (FGV), formação internacional em gestão da mudança em tempos desafiadores (University of Tampa/EUA) e pós-graduado em neurociência e psicologia positiva (PUC).

Conteudista especialista em liderança, protagonismo e gestão de mudanças, é professor da FGV, FDC e outras escolas de negócios. Escritor e fundador da Universidade da Mudança.

Pioneiro no assunto “Inner Skills” no Brasil.

Atende grandes clientes como GPA/ Pão de Açúcar, Cobasi, Neoenergia, Leroy Merlin, SBT, Marisa, Carrefour, MSD/Merck, Elanco, Kawasaki, GM, Fiat, Raízen/Shell, DHL, Caixa, Bradesco, Unilever, Bettanin/InBetta, Sebrae, SESC, Sabesp, Banco da Amazônia, Justiça Federal, Ministério Público, INPE, Usiminas entre outros de diversos segmentos.

Através de mensurações na metodologia NPS junto aos contratantes, o índice de recomendação é de 100%.

As palestras não são “produtos de prateleira”, mas sim, projetos 100% personalizados e customizados para cada realidade, considerando as necessidades a serem atendidas, a cultura do cliente e o perfil do público.

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